Manual Técnico de Lajes Treliçadas
Apresentação
Atualmente está se tornando comum, nos pavimentos de edificações, a utilização de vãos cada vez maiores, e em muitos casos paredes de alvenaria são dispostas diretamente sobre as lajes.
Amelhor solução técnica para esses pavimentos é o emprego de lajes nervuradas, nas quais é eliminada grande parte do concreto abaixo da linha neutra.
Com a execução das lajesnervuradas apartir de vigotas e painéis pré-moldados, as formas e os escoramentos sofrem reduções significativas, sendo, portanto, amelhor solução técnica e econômica.
O sistema de lajes treliçadas, originário da Europa, foi implantado no Brasil buscando explorar e superar as limitações técnicas e econômicas dos sistemas de lajes nervura das pré-moldadas utilizados até então, possibilitando diversas aplicações demaneira racional e competitiva e uma ótima relação custo-benefício.
As vigotas e painéis pré-moldados com armação treliçada,denominados de vigotas e painéis treliçados, permitem a perfeita solidarização das peças pré-moldadas como concreto moldado in loco e também apresenta maiores vantagens e facilidades construtivas. É crescente o interesse mundial pela utilização da armação treliçada com os mais diversos objetivos: em obras residenciais, industriais, comerciais, shopping centers, pontes, reservatórios, muros de contenção, entre outros.
O presente manual segue os preceitos das normas pertinentes e conta com a colaboração dos parceiros envolvidos. Tem como objetivo oferecer informações essenciais por meio de exemplos práticos, tabelas para colocação de armaduras adicionais, contra flechas, opções de projetos, dicas de execução e cuidados básicos para que fabricantes, construtores, projetistas e pequenos consumidores possam utilizar o processo com tecnologia, economia e qualidade.
Armação Treliçada Nervurada
A armação treliçada é uma estrutura metálica espacial prismática em que se utilizam fios de aço CA60, soldados por eletrofusão ou caldeamento, de modo a formar um elemento rígido composto de duas treliças planas,inclinadas e unidas pelo vértice superior.
É constituída por um fio superior (banzo superior), que atua como armadura de compressão durante a montagem e concretagem da laje treliçada, e pode colaborar na resistência ao momento fletor negativo (em regiões de apoio central); dois fios inferiores (banzoinferior), os quais resistem às forças de tração oriundas do momento fletor positivo; as diagonais ou sinusoides, que, além de funcionarem como armadura resistente às forças cortantes (quando forem altas), servem para promover uma perfeita coesão ou aderência entre o concreto pré-moldado da vigota e o concreto do capeamento (moldado in loco).
Quanto às dimensões, ela possui altura, base ,passo ,saliência inferior, comprimento e diâmetro dos fios. A altura (h) é a distância entre a superfície limite inferior (face inferior da saliência inferior) e a superfície limite superior (banzo superior), perpendicular à base e no eixo da seção treliçada, dada em mm. A base (b) é a distância entre as faces externas entre os fios que compõem o banzo inferior, dada em mm, e mede entre 80 e 120mm. Passo (p) é a distância entre eixos dos nós entre os aços que compõem a armação treliçada, dada em mm, e tem sempre 20cm. A saliência inferior é a distância entre a face inferior do banzo inferior e a superfície limite inferior da armação treliçada.
Vigota Treliçada e Painel Treliçado
É o conjunto formado pela armação treliçada, a ferragem adicional e a base de concreto. É o produto final que deverá ser entregue pelo fabricante de laje ao cliente, juntamente com o elemento de enchimento e um projeto de montagem da laje.
Deve ser dimensionada para resistir aos esforços após a concretagem da laje, mas também deve ter a rigidez necessária para resistir ao transporte e à montagem.
Nas fábricas de laje, as vigotas são moldadas em formas de chapas metálicas de 3mm de espessura, dobradas tipo calha, com 12 ou 13 cm de base por 3 cm de altura. Geralmente, para pré-lajes conhecidos como mini painéis treliçados, adota-se a base de 25cm ou 33cm, e para painéis, base de 1,20 ou 1,25 metro. Os comprimentos desta vigota serão definidos em projeto e fornecidos ao fabricante para que sejam produzidos no tamanho exato.
Deve-se garantir que ao menos 50% da armadura positiva chegue até o apoio e tenha um comprimento suficiente para uma correta ancoragem. Isto é muito importante, pois significa ter uma boa aderência entre o aço e o concreto, evitando, assim, que haja qualquer tipo de escorregamento do aço dentro do concreto, garantindo a transferência de esforços entre os dois materiais.
O concreto utilizado nessa base deve atender às especificações das normas NBR 6118, NBR 8953, NBR 12654 e NBR 12655, e sua resistência à compressão será no mínimo de 20 Mpa ou aquela especificada no projeto estrutural, prevalecendo o valor mais alto.
Utilizando-se um concreto com fck da ordem de 20 Mpa, podem-se retirar as vigotas das formas 16 horas depois da concretagem, quando o concreto já deverá ter atingido 4 Mpa.
Aos três dias, a resistência já ultrapassa 10 Mpa e as vigotas estão liberadas para montagem. Pode-se utilizar, também, o cimento ARI (alta resistência inicial), que proporciona maior rapidez na obtenção das resistências. Com 8 horas, a resistência já é de 4 Mpa, e com 24 horas é de 14 Mpa, e as vigotas podem ser enviadas à obra no dia seguinte ao de sua fabricação.Os comprimentos desta vigota serão definidos em projeto e fornecidos ao fabricante para que sejam produzidos no tamanho exato.Outras duas soluções para lajes treliçadas são: pré-laje treliçada com placas de 25 cm e 33 cm, recomendadas em obras horizontais de grandes extensões, como shoppings e tabuleiros de pontes, em que a rapidez de execução é condição essencial.
Elementos de Enchimento
São componentes pré-fabricados com materiais inertes de vários tipos: EPS ( isopor ), cerâmico, concreto ou do tipo caixão perdido, que são contra formas de madeira ou peças de material resinado. São intercalados entre as vigotas ou sobre as pré-lajes, e suas funções principais são reduzir o volume do concreto, o peso próprio da laje e servir como forma para o concreto complementar. Não são considerados elementos resistentes a esforços nos cálculos de resistência e rigidez da laje.
Elementos de Enchimento Intercalados entre Vigotas
Apesar de não ser necessária para a resistência da laje, a boa qualidade deste material é importante para a segurança durante a fase de montagem e concretagem da laje. Afinal, os blocos de enchimento são responsáveis por transferir o peso do concreto ainda fresco às vigotas, que se apoiam sobre as linhas de escora. Sendo assim, torna-se necessária uma resistência mínima para este material para que esta função não seja comprometida. A resistência dos elementos de enchimento deve ser tal que suporte uma carga mínima de ruptura de 1,0 kN ou 100 kg, o suficiente para suportar esforços de trabalho durante a montagem e concretagem da laje.
Os materiais de enchimento mais utilizados atualmente são o bloco cerâmico ( lajota ceramica para lajes) e o bloco de EPS , sigla internacional do poliestireno expandido (mais conhecido com o nome de lajes de isopor ).Este último é um material mais leve como enchimento, porém o cerâmico tem um custo menor. Outra vantagem da utilização do EPS ou Isopor é seu alto grau de isolamento térmico e acústico.
Esses enchimentos possuem dentes de encaixe para garantir o posicionamento de suas bordas nas vigotas treliçadas, garantindo, dessa forma, que não haja vazamento do concreto. A maioria das peças de enchimento possui chanfros na região dos seus vértices superiores, para que seja reforçada a área de concreto, aumentando a resistência das nervuras e, consequentemente, da laje.
Altura total da laje (cm) | 10,0 | 11,0 | 12,0 | 13,0 | 14,0 | 16,0 | 17,0 | 20,0 | 21,0 | 24,0 | 25,0 | 29,0 | 30,0 | 34,0 |
Espessura mínimada Capa Resistente (cm) | 3,0 | 4,0 | 4,0 | 4,0 | 4,0 | 4,0 | 4,0 | 4,0 | 4,0 | 4,0 | 5,0 | 4,0 | 5,0 | 5,0 |
Aço | Área mínima | Nº de barras/m | |
Ø 5,0 mm | Ø 6.3 mm | ||
CA25 | 0,9 cm 2/m | 5 | 3 |
CA50, CA60 | 0,6 cm 2/m | 3 | 3 |
Tela soldada | 0,61cm2/m | Q61 |
Tabela de Cargas Acidentais da NBR6120 | ||
LOCAL | CARGA KGF/M² | |
Arquibancadas | 400 | |
Balcões | (ver NBR6120) | – |
Bancos | Escritórios e banheiros | 200 |
Salas de diretoria e gerência | 150 | |
Bibliotecas | Sala de leitura | 200 |
Sala para depósito de livros | 400 | |
Sala com estantes de livros a ser determinada em cada caso ou 250 kgf por metro de altura, observando, porém, o valor mínimo de | 600 | |
Casa de máquinas | (Incluindo o peso das máquinas) A ser determinada em cada caso, porém com o valor mínimo de | 750 |
Cinemas | Plateia com assentos fixos | 300 |
Estúdio e plateia com assentos móveis | 400 | |
Banheiro | 200 | |
Clubes | Sala de refeições e da assembleia com assentos fixos | 300 |
Sala de assembleia com assentos móveis | 400 | |
Salão de danças e salão de esportes | 500 | |
Salão de bilhar e banheiro | 200 | |
Corredores | Com acesso ao público | 300 |
Sem acesso ao público | 200 | |
Cozinhas não residenciais | A ser determinada em cada caso, porém com o mínimo de | 300 |
Depósitos | (ver NBR6120) | |
Edifícios | Dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro | 150 |
Despensa, área de serviço e lavanderia | 200 | |
Escadas | Com acesso ao público | 300 |
Sem acesso ao público (verNBR6120) | 250 | |
Escolas | Anfiteatros com assentos fixos, corredor e sala de aula | 300 |
Outras salas | 200 | |
Forros | Sem acesso às pessoas | 50 |
Galerias de arte | A ser determinada em cada caso, porém com o minimo de | 300 |